Chicotada psicológica

Durante os últimos minutos do lusco fusco, os corpos dirigentes do Associação Desportiva de Pé Canhão estiveram reunidos de emergência na sede, por convocatória extraordinária do presidente. Em causa estaria a continuidade de Mata Burros ao leme da equipa técnica do Pé Canhão, depois de uma primeira jornada que todos não hesitaram em classificar de medíocre. Ainda antes da afixação oficial dos resultados, a direcção tomou a difícil decisão de afastar o treinador que não soube gerir um plantel com tantos nomes sonantes. Com a diplomacia e cavalheirismo que lhe são reconhecidos, Mata Burros aceitou tranquilamente o seu destino, gritando "Morte!" a todos os presentes e rebentando à cabeçada três computadores. Em declarações à imprensa, Mata Burros optou pela discrição, e aproveitou a oportunidade para desejar felicidades ao seu primo JP, que também milita na liga "Nada Rima Com Zêzere" com resultados similares. O presidente do Pé Canhão desvelou de imediato o nome do novo treinador, que é um antigo sonho dos adeptos: Mestre Alves.
O Mestre condensa em si duas qualidades muito apetecíveis no futebol contemporâneo, a capacidade de análise de Rui Santos e uma relação muito intíma com o oculto. O novo treinador começou imediatamente a labutar, reformulando por completo o antigo corpo técnico, do qual apenas manteve o adjunto Amandie. Ao fazer o diagnóstico da equipa, descobriu que se escondia um anão por detrás do banco de suplentes, o qual seria a única explicação possível para a desgraça cósmica da última jornada. Mais tarde veio a revelar-se que o incógnito anão era na verdade Kick Flores, que de cócoras procurava obter favores sexuais dos jogadores da casa. Tratado este assunto, Mestre Alves aproveitou ainda para fazer algumas previsões. Segundo o especialista "vai chover no inverno e fazer calor no verão".